Resenha: "O livro de Memórias", Lara Avery


O Livro De Memórias

Autora: Lara Avery
Editora: Seguinte
Título Original: The Memory Book
Gênero: Jovem Adulto / Literatura Estrangeira
Páginas: 392
Ano: 2016
Sinopse: Sammie sempre teve um plano: se formar no ensino médio como a melhor aluna da classe e sair da cidade pequena onde mora o mais rápido possível. E nada vai ficar em seu caminho — nem mesmo uma rara doença genética que aos poucos vai apagar sua memória e acabar com sua saúde física. Ela só precisa de um novo plano. É assim que Sammie começa a escrever o livro de memórias: anotações para ela mesma poder ler no futuro e jamais esquecer. Ali, a garota registra cada detalhe de seu primeiro encontro perfeito com Stuart, um jovem escritor por quem sempre foi apaixonada, e admite o quanto sente falta de Cooper, seu melhor amigo de infância de quem acabou se afastando. Porém, mesmo com esse registro diário, manter suas lembranças e conquistar seus sonhos pode ser mais difícil do que ela esperava.

Samantha Agatha McCoy, mais conhecida como Sammie, é uma garota de 17 anos, também conhecida como a melhor aluna de seu colégio e, ela sabe, e se orgulha disso.  Sammie é ambiciosa e a sua maior meta de vida é conseguir ganhar no torneio nacional de debate, ser a melhor oradora da turma quando se formar e, a maior de suas ambições: ir para Nova York e estudar na NYU - a universidade dos seus sonhos e se tornar uma das melhores advogadas de todos os tempos -, que por sinal, ela já foi admitida.
Sammie vive para os estudos, ela sabe que seu cérebro é seu ponto forte, já que ela não está nem perto  dos padrões de beleza definidos pela sociedade, o que na verdade, ela não dá a mínima, o que realmente lhe interessava era seu brilhante futuro.
Tudo estava correndo super bem,  até Sammie  descobrir que tem uma doença muito rara degenerativa conhecida como NP-C (Niemann Pick Tipo C), que aos poucos levará suas memórias, seus movimentos... e seu futuro.

Eu conseguia lidar com a parte da saúde, mas não tire o meu futuro. 


Com isso, Sammie decide não se entregar a doença e começa a escrever um diário para si mesma para poder preservar suas memórias e também para descrever cada etapa da doença, cada sentimento, cada medo e cada mudança.
Mesmo que Sammie entenda que essa doença é degenerativa, ela no início cria uma pequena esperança de pode se curar, já que essa doença costuma se manifestar quando se é bebê, não quando já se é praticamente adulta. Ela se agarra a esse fio de esperança e tenta viver sua vida como sempre: estudando. Ela não iria deixar uma doença acabar com seu futuro brilhante. Porém, conforme os dias vão se passando, Sammie começa a esquecer coisas mínimas, absurdamente pequenas, mas que fazem uma grande diferença para ela, já que é intitulada como a pessoa mais inteligente do colégio. E, essa perca de memória causa uma grande preocupação para os seus pais.

Não sei outra forma de expressar. E não gosto de não saber. NADA. Não gosto de não saber em geral. Eu deveria sempre ser capaz de saber.

Então, Sammie coloca na cabeça que quer mostrar para seus pais e, até mesmo para si mesma, que é capaz de fazer todas as coisas que eles acham que ela não é mais capaz de fazer - e viver. Completamente focada, com a ajuda de seu livro de memórias, que a faz se lembrar das coisas que fez e que ainda tem que fazer, Sammie começa a fazer coisas que jamais imaginou que um dia faria, como ir a festas do pessoal do colégio, se declarar para um garoto que sempre foi afim e recomeçar uma amizade há muito tempo esquecida, que agora se tornou completamente essencial em sua vida.

Às vezes a vida é só terrível. Às vezes a vida te dá uma doença estranha. Às vezes a vida é muito boa, mas nunca de um jeito simples.

O livro é narrado em primeira pessoa, sendo um relato diário de Sammie sobre sua vida para a sua "Sammie do Futuro", o que faz parecer que estamos lendo o diário de alguém.
O livro tem alguns pontos negativos, um deles foi que de início, achei a narrativa parada e meio complexa. Tive uma grande dificuldade para continuar a leitura. Para ser bem sincera, achei meio difícil engolir a Sammie no início. Completamente egoísta e mesquinha, não se importava com as preocupações dos seus pais, dos seus amigos, de nada. Simplesmente só se importava consigo mesma e o seu futuro, demorou algumas páginas para eu ser cativada por ela. Outro ponto negativo foi que achei o livro uma bagunça. Uma hora era Sammie narrando sobre o seu dia, depois passava para um e-mail, ou sms e às vezes tinha diálogos que eu fiquei meio perdida pra saber quem era quem. Porém, conforme ia virando as páginas, fui me "adaptando" a escrita da Sammie. Claro, foi exatamente isso que a autora quis passar, já que conforme os dias iam se passando, as condições da personagem iam se afetando, consequentemente, sua escrita também era afeta, o que achei legal, os erros de português, as palavras que ela não se lembrava como escrevia, seus lapsos de esquecimento resultando nas repetições de frases e palavras. E, justamente por esses relatos serem tão humanos e reais, que comecei a me sentir mais próxima da personagem.

A vida não é só uma série de conquistas.
Eu me pergunto quantas noites de filme perdi para estudar ou debater ou só reclamar. Não quero perder mais nenhuma. 

Esse livro me fez refletir. Me fez pensar como perdemos momentos com pessoas que realmente importam, por coisas tão insignificantes. Sammie com seu "Livro de Memórias" nos mostra como a vida é imprevisível e que  mesmo enfrentando uma tempestade, é possível encontrar no meio disso tudo um arco-íris. E, com a ajuda de personagens secundários como Maddie, Stuart, a família da Sammie e Coop, Sammie encontrou o amor e a felicidade, mesmo nos momentos mais dolorosos, que parecia ser impossível ser feliz, eles conseguiram trazer alegria quando ela não conseguia enxergar nenhuma.

Só tenho que dizer uma coisa [...] e não sei bem como dizer, mas estou olhando para o cabelo dele ao vento, que também sopra o meu, e não há música, só o som dos grilos e das folhas e dos pneus na estrada, e ele está falando para eu largar o celular, e é o que vou fazer, mas só me deixe escrever isso, só quero que se lembre disso, Sam do Futuro.

Quando recebi esse livro da editora Seguinte e li a sinopse, prometi a mim mesma que iria guardar o meu coração e não iria derrubar uma lágrima sequer. Porém, inevitavelmente, não consegui e me entreguei a emoção. Com um final intensamente agridoce, eu enfim, me senti completamente amiga de Sammie e de todos a sua volta.
Para quem gosta de leituras emocionantes com uma personagem completamente forte e que nos passa uma lição de vida imensa, eu indico de coração.





P.S: A capa é linda e eu fiquei absurdamente apaixonada e ainda vem com marca página! Coisa fofa <3
P.P.S: Enquanto eu lia, eu escutei compulsivamente a música "Don't Forget About Me" , da Cloves. Se quiserem escutar, coloquei aqui ↓↓


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